Saturday, February 7, 2009

Quem viver verá...

Voltando aos estudos a partir de hoje...
Apesar da chateação de ter de aprender novamente uma matéria que não me será útil durante a vida profissional, volto a encarar o desafio com otimismo!
Há algumas semanas saiu a lista de livros da FUVEST/UNICAMP desse ano e, que notícia boa, incluíram poesias de Vinícius de Morais. Nada melhor do que obrigar a "meninada" a uma boa leitura! Aproveitarei para me atualizar de seus textos. De sua poesia conheço pouco... Agora conhecerei um pouco mais. Além disso, terei a oportunidade de melhorar o meu português, aprofundar-me em períodos da história que nunca me foram interessantes, entender melhor a nossa geografia, facilitar o meu futuro estudo dos medicamentos melhorando o meu rendimento em química, reviver desafios de matemática e física que sempre me motivaram a buscar a resposta e, finalmente, conhecer melhor a Biologia! Entender melhor as interrelações do corpo humano. De volta a essa vida que parece chata, mas que me trouxe novos amigos e que me motiva a melhorar a cada dia. Uma coisa é certa e acredito que para isto é que escrevi esse post. NO REGRETS! NO ALIBIS!

O que eu podia fazer para ir bem nesses vestibulares, eu fiz! Em dois deles (infelizmente pagos) consegui uma vaga. Mas onde queria passar, não consegui! Termino essa fase desse período da minha vida, orgulhoso do quanto melhorei nesse último semestre. Tenho certeza de que daqui pra frente o desafio será cada vez maior. Mesmo assim, manterei a dedicação e o empenho que me fortaleceu nessa primeira tentativa. Só assim terminarei mais um ciclo sem o peso do arrependimento de que poderia ter feito algo melhor. No meu ponto de vista, fiz o melhor que pude e não preciso provar isso pra ninguém, a não ser pra mim mesmo! Estou contente e, novamente, empolgado!

Obrigado a todos pela força e pela preocupação. Peço que continuem com o pensamento positivo e que não percam as esperanças nem se preocupem comigo! Nunca estive melhor...

Assim, para encerrar esse primeiro post dessa nova fase, deixo um poema do nosso diplomata mais boêmio.

O olhar para trás

Nem surgisse um olhar de piedade ou de amor
Nem houvesse uma branca mão que apaziguasse minha fronte palpitante...
Eu estaria sempre como um círio queimando para o céu a minha fatalidade
Sobre o cadáver ainda morno desse passado adolescente.

Talvez no espaço perfeito aparecesse a visão nua
Ou talvez a porta do oratório se fosse abrindo misteriosamente...
Eu estaria esquecido, tateando suavemente a face do filho morto
Partido de dor, chorando sobre o seu corpo insepultável.

Talvez da carne do homem prostrado se visse sair uma sombra igual à minha
Que amasse as andorinhas, os seios virgens, os perfumes e os lírios da terra
Talvez… mas todas as visões estariam também em minhas lágrimas boiando
E elas seriam como óleo santo e como pétalas se derramando sobre o nada.

Alguém gritaria longe: – "Quantas rosas nos deu a primavera!..."
Eu olharia vagamente o jardim cheio de sol e de cores noivas se enlaçando
Talvez mesmo meu olhar seguisse da flor o vôo rápido de um pássaro
Mas sob meus dedos vivos estaria a sua boca fria e os seus cabelos luminosos.

Rumores chegariam a mim, distintos como passos na madrugada
Uma voz cantou, foi a irmã, foi a irmã vestida de branco! – a sua voz é fresca como o orvalho...
Beijam-me a face – irmã vestida de azul, por que estás triste?
Deu-te a vida a velar um passado também?

Voltaria o silêncio – seria uma quietude de nave em Senhor Morto
Numa onda de dor eu tomaria a pobre face em minhas mãos angustiadas
Auscultaria o sopro, diria à toa – Escuta, acorda
Por que me deixaste assim sem me dizeres quem eu sou?

E o olhar estaria ansioso esperando
E a cabeça ao sabor da mágoa balançando
E o coração fugindo e o coração voltando
E os minutos passando e os minutos passando...

No entanto, dentro do sol a minha sombra se projeta
Sobre as casas avança o seu vago perfil tristonho
Anda, dilui-se, dobra-se nos degraus das altas escadas silenciosas
E morre quando o prazer pede a treva para a consumação da sua miséria.

E que ela vai sofrer o instante que me falta
Esse instante de amor, de sonho, de esquecimento
E quando chega, a horas mortas, deixa em meu ser uma braçada de lembranças
Que eu desfolho saudoso sobre o corpo embalsamado do eterno ausente.

Nem surgisse em minhas mãos a rósea ferida
Nem porejasse em minha pele o sangue da agonia...
Eu diria – Senhor, por que me escolheste a mim que sou escravo
Por que chegaste a mim cheio de chagas?

Nem do meu vazio te criasses, anjo que eu sonhei de brancos seios
De branco ventre e de brancas pernas acordadas
Nem vibrasses no espaço em que te moldei perfeita...
Eu te diria – Por que vieste te dar ao já vendido?

Oh, estranho húmus deste ser inerme e que eu sinto latente
Escorre sobre mim como o luar nas fontes pobres
Embriaga o meu peito do teu bafo que é como o sândalo
Enche o meu espírito do teu sangue que é a própria vida!

Fora, um riso de criança – longínqua infância da hóstia consagrada
Aqui estou ardendo a minha eternidade junto ao teu corpo frágil!
Eu sei que a morte abrirá no meu deserto fontes maravilhosas
E vozes que eu não sabia em mim lutarão contra a Voz.

Agora porém estou vivendo da tua chama como a cera
O infinito nada poderá contra mim porque de mim quer tudo
Ele ama no teu sereno cadáver o terrível cadáver que eu seria
O belo cadáver nu cheio de cicatriz e de úlceras.

Quem chamou por mim, tu, mãe? Teu filho sonha...
Lembras-te, mãe, a juventude, a grande praia enluarada...
Pensaste em mim, mãe? Oh, tudo é tão triste
A casa, o jardim, o teu olhar, o meu olhar, o olhar de Deus...

E sob a minha mão tenho a impressão da boca fria murmurando
Sinto-me cego e olho o céu e leio nos dedos a mágica lembrança
Passastes, estrelas... Voltais de novo arrastando brancos véus
Passastes, luas... Voltais de novo arrastando negros véus...

FELIZ 2009!

3 comments:

Anonymous said...

Que esse novo começo seja breve e deixado para trás..Nosso destino está reservado a algo melhor..Eu te adoro demais!

Anonymous said...

O Amor

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..

Fernando pessoa

Unknown said...

Vitorioso sempre meu querido! Independente da forma, o que importa é o interior da gente. Torço por vc, por qualquer escolha que fizer desde que seja sempre feliz, com esse sorriso lindo que ninguém tira! Te adoro Titi!!!!